Fim da filosofia: uma imagem da filosofia contemporânea
Fim da filosofia: uma imagem da filosofia contemporânea
Márcio Antônio de Paiva*
RESUMO
O artigo analisa a questão do “fim da filosofia” no pensamento contemporâneo. Demarcando o embate da filosofia consigo mesma, com a ciência e com alguns pensadores da atualidade que ousaram tematizar o fim, busca, pela reflexão ética, restabelecer a filosofia como um autêntico saber humano.
Palavras-chave: Filosofia; Ciência; Ética; Auto-superação;
Niilismo.
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Coordenador do
Departamento de Filosofia e Teologia
PUC Minas. e-mail: filosof@pucminas.br. FALAR DE FILOSOFIA contemporânea em um artigo é verdadeiramente uma empresa difícil, árdua e perigosa. As dificuldades surgem da própria construtividade do tecido filosófico do último século, cuja configuração é essencialmente plural. Por isso, é justo questionar sobre a identidade da própria filosofia contemporânea. Severino (1992, p, 12) afirma que “a Origem, o
Sentido, a Causa, o Fundamento, a Ordem, a Lei, a Realidade imutável e divina evocados pela epistéme são sim o remédio contra o terror provocado pela imprevisibilidade do devir, mas apresentam lentamente um aspecto terrificante”, na filosofia contemporânea.1 O trabalho de buscar uma imagem do pensamento contemporâneo é árduo e perigoso, ao mesmo tempo, por causa da desagregação da filosofia numa pluralidade de disciplinas especializadas.
Horizonte, Belo Horizonte, v. 2, n. 4, p. 33-48, 1º sem. 2004
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“L’uomo appare sìa se stesso come la più inquietante delle cose, ma il rimedio che egli appronta finisce com l’apparirgli un suicidio (...) Perciò incomincia una lunga marcia verso la liberazione dalla verità e dalle realtà immutabili, ciò che non è stata una semplice vicenda culturale, ma è divenuta la stessa storia concreta dell’Occidente” (Severino, 1992,12).
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Márcio Antônio de Paiva
Franca D’Agostini (1997), num minucioso trabalho sobre a filosofia nos