Filosofos
Conta a lenda que primeiro filósofo, Tales de Mileto, se interessava pelo estudo das estrelas e que um dia, olhando para o céu, tropeçou numa pedra, caindo numa vala. Uma serviçal que o acompanhava exclamou: “Como pretendes, ó Tales, tu que não consegue sequer ver o que esta a tua frente, conhecer tudo sobre o céu?”
Essa história serviu, desde a antiguidade, para a invenção da imagem do filósofo como alguém distraído, incapaz de prestar atenção nas coisas mais simples, mas que dedicava a contemplar as coisas mais distantes e complicadas e que, em vez de falar como todo mundo usa uma linguagem incompreensível.
Dessa imagem nasceu também uma pergunta: “para que filosofia? “Muito conhecida é a resposta que ela costuma receber: “ A Filosofia é uma ciência com a qual e sem a qual o mundo permanece tal e qual”. Ou seja, não serve para nada.
É interessante observar que ninguém dirige essa pergunta às ciências, às artes e às técnicas. No entanto, em nossos dias, essa velha pergunta não é repetida sem motivo. Vivemos numa sociedade e numa cultura que julgam necessário justificar a existência de alguma coisa dizendo qual a sua utilidade prática, de modo que perguntar “para quê” significa: “Que uso proveitoso ou vantajoso posso fazer disso? ”Por essa razão não se pergunta “para que ciência?” ou “para que artes e as técnicas?”, pois todos julgam saber qual é a serventia delas.
Exatamente por esse motivo, muitos buscam mostrar a utilidade da filosofia indicando que ela è necessária às ciências, uma vez que estas admitem a existência da verdade, a necessidade de métodos para o conhecimento ou de procedimentos corretos para bem usar o pensamento, e, sobre tudo, confiam na racionalidade dos conhecimentos, isto, é, que são validos não só porque explicam os fatos, mas também porque podem ser corrigidos e aperfeiçoados. Ora tais idéias, como as da verdade, do pensamento racional, do conhecimento obtido por meio de métodos racionais, assim como a idéia de