filosofos politicos
UMA CRÍTICA FENOMENOLÓGICA DA FENOMENOLOGIA
José Luiz Furtado
Universidade Federal de Ouro Preto
Abstrac: The aim of this paper is to show that Michel Henry’s material phenomenology occupies a unique place in contemporary phenomenology. This will be done by comparing it mainly with Heidegger’s philosophy and Husserl’s. Material phenomenology is shown to be a project that invites phenomenology to rethink its foundations in the light of a new conception of the transcendental realm as a radical immanence of a Self that affects itself, constituting thus the insideness of egological life.
Keywords: Phenomenology; affection; intentionality; immanence; feeling.
Resumo: Este trabalho pretende ressaltar o lugar singular ocupado pela fenomenologia material de Michel Henry no horizonte da fenomenologia contemporânea, confrontando-a privilegiadamente com as filosofias de Heidegger e Husserl. O projeto da fenomenologia material, adiantamos, é o de convidar a fenomenologia a repensar de novo seus fundamentos à luz de uma nova concepção do campo transcendental como imanência radical de um Si que se afeta a si mesmo, e constitui, por esta via, a interioridade da vida egológica.
Palavras-chave: Fenomenologia; afetividade; intencionalidade; imanência; sentimento.
Michel Henry denomina sua filosofia, a partir do final dos anos 70,
“fenomenologia material”. Este conceito de materialidade fenomenológica irá caracterizar a singularidade e radicalidade do seu pensamento no seio da fenomenologia contemporânea, ou seja, o projeto de aprofundar o sentido do campo transcendental compreendido como essência da manifestação. Se a fenomenologia é ciência da essência dos fenômenos e não meramente descrição dos fenômenos, seria necessário, a fim de evitar uma incoerência tamanha que a invalidaria metodologicamente, que a própria essência da manifes© Dissertatio [27-28], 231 – 249 inverno/verão de 2008
José Luiz Furtado
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