Filosofia
Carlos Roberto Vianna – Departamento de Matemática – UFPR vianna@mat.ufpr.br ... e não parecem ter regra nenhuma; pelo menos ninguém segue nada... Você não faz idéia de como é confuso as coisas serem todas vivas! Por exemplo, o arco sob o qual devia passar minha bola se mudou para o outro lado do campo... e quando eu ia atingir o ouriço da Rainha ainda há pouco, ele saiu correndo quando viu que o meu se aproximava! (Carroll, p. 99)
Ao ser convidado para participar do GT de Filosofia da Educação Matemática em um Encontro Nacional de Educação Matemática devo confessar que senti algo mais que um frio na barriga, fui acometido de verdadeiro terror! Em poucos dias vi que participariam deste mesmo GT pessoas as quais admiro e respeito e então, após aceitar o convite, passei a ser perseguido por pesadelos. Eu deveria escrever um texto para trazer a esse encontro, então achei que seria natural compartilhar com a platéia e com meus companheiros parte das preocupações que vieram a tona durante meu sono perturbado.
Uma das primeiras coisas de que me lembro é da beleza, a feminina beleza, da Educação Matemática tal como ela me apareceu pela primeira vez1. Ah! E a sua juventude... Aqueles que já tiveram sonhos eróticos e não os esqueceram saberão muito bem do que estou falando. Ela estava totalmente nua e a importância dessa nudez não reside na possibilidade que se me apresentava de contemplar seu corpo, ele não era visível; toda a importância dessa nudez estava no fato de que eu sabia que ela estava nua e que seu comportamento na minha presença evocava continuamente esse saber. Ouso dizer que ela contava com o efeito que provocava sobre mim revelando-se em sua essência. Que mais posso eu dizer? Sim, em sua essência! Embora não pudesse vê-la, sentia-a em toda plenitude. Então, com uma voz maravilhosa, ela sussurrou: — Você sabe quem eu sou?
1 Ao falar da “feminina beleza” da Educação Matemática estou consciente que introduzo aqui um