Filosofia
Retrato de René Descartes, Frans Hals, óleo sobre tela,
Museu do Louvre, Paris, c. 1649-1700
A busca da certeza
O pensamento de Descartes é uma busca da certeza. Mas como havemos de entender a certeza?
A certeza psicológica consiste no grau máximo de convicção.
É subjetiva, pois caracteriza-se por um sentimento de confiança absoluta na verdade de uma proposição.
A certeza epistémica consiste na justificação mais forte possível.
É objetiva, pois a força de uma justificação não depende das opiniões ou dos sentimentos de cada um.
Ao buscar a certeza, Descartes tem em vista sobretudo a certeza epistémica.
A dúvida metódica
“Notei, há já alguns anos, que, tendo recebido desde a mais tenra idade tantas coisas falsas por verdadeiras, e sendo tão duvidoso tudo o que depois sobre elas fundei, tinha de deitar abaixo tudo, inteiramente, por uma vez na minha vida, e começar, de novo, desde os primeiros fundamentos, se quisesse estabelecer algo de seguro e duradouro nas ciências.”
Descartes sugere-nos aqui que, para encontrar a certeza, primeiro há que tentar pôr em dúvida tudo aquilo em que acreditamos.
A dúvida é o método ou o meio para chegar à certeza.
Ilusões dos sentidos
É através dos sentidos que formamos a generalidade das nossas crenças.
Por isso, para pôr em questão muito daquilo em que acreditamos, basta encontrar razões para duvidar de que os sentidos são uma fonte de conhecimento.
Descartes começa por argumentar:
Os sentidos por vezes iludem-nos.
Logo, não podemos confiar inteiramente nos sentidos.
Descartes admite, no entanto, que algumas perceções sensíveis parecem não estar sujeitas à ilusão.
O argumento do sonho
No entanto, acrescenta Descartes, alguns sonhos são tão vívidos que não é possível distingui-los, com toda a segurança, das perceções que temos enquanto estamos acordados. Nunca podemos, pois, ter a certeza absoluta de não estar a sonhar enquanto julgamos estar a percecionar objetos.