Filosofia
Não se trata aqui de defender que existam definições reais para os termos que usamos. A vida prática e a própria história nos demonstram o quanto uma mesma palavra pode ser utilizada a partir de uma multiplicidade de sentidos. Um exemplo muito significativo envolve o uso do termo “vocação” em Astrologia. Porque a Astrologia sugere vocações, mas não profissões.
Vocação e profissão não são a mesma coisa . “Vocação” vem do latim vocatus, que significa “chamado”, enquanto que “profissão” significa aquilo que eu pratico, o que faço com o objetivo de subsistência. Nem toda profissão é uma vocação, assim como nem toda vocação toma a forma de uma profissão. Quantas pessoas conhecemos que atuam, por uma série de razões, em atividades em torno das quais não há nenhum sentimento de “chamado” interior? Trabalhamos em determinadas atividades não necessariamente porque temos um vocatus naquela direção, mas porque precisamos pagar as contas, sobreviver. Fazemos o que é preciso, a fim de que não nos falte o sustento no final do mês. Assim sendo, eis a dura realidade da vida: ter profissão é pra qualquer um, mas viver a vocação é, infelizmente, para poucos.
Note-se, inclusive, que o termo “trabalho” vem do latim tripolium. Acontece que tripolium é o nome dado a um instrumento medieval de tortura, no qual o indivíduo se via amarrado, como se estivesse crucificado. Dizer que “o trabalho enobrece o homem” é o mesmo que dizer que “a tortura enobrece o homem”, e acredito que ninguém – exceto um masoquista – venha a aceitar que a tortura possa enobrecer alguém. Trabalho, ou tripolium, é a forma como passamos a separar prazer de obrigação, numa estrutura vivencial injusta