filosofia
A Neo-ortodoxia surgiu dentro de um contexto histórico e sucumbiu junto com o existencialismo e outros conceitos do século XIX e XX, a que estava ligada. O constante conflito e tensão em que coexistiu com outras correntes, dificulta a análise de seu papel na história da igreja, mas reconhecemos as contribuições feitas à teologia do Séc XX, como a unidade da escritura, o interesse pela teologia dos reformadores e pelos pais da igreja, a importância da doutrina da Cristologia e da pregação com a participação dos fiéis, a rejeição aos dogmas devido ao uso da dialética, do paradoxo e da crise e o novo interesse pela escatologia.
Os ortodoxos alegavam que os neo-ortodoxos abandonaram a ortodoxia protestante tradicional e que estavam propondo uma nova - errada; os liberais os viam como radicais, e os simpatizantes, como um esforço para voltar às idéias básicas da reforma, e até da Igreja Primitiva, para proclamar o evangelho numa linguagem apropriada ao Séc XX. Para os Neo-ortodoxos, os tradicionais e os liberais haviam perdido o entendimento sobre a fé, acomodando-se aos conceitos científicos de então. Usando explicações racionais, lógicas e coerentes, abriram mão dos paradoxos e destruíram sua dinâmica viva, dissolvendo sua tensão. Esses paradoxos deveriam permanecer sempre, pois é o que leva a uma fé verdadeira e dinâmica. Empregando a dialética em relação aos paradoxos da fé, precipitavam crises que passavam a ser a condição para a revelação da verdade.
02. DESMITOLOGIZAÇÃO
Em sua tese "O Novo Testamento e a Mitologia", apresentada numa conferência de pastores em Frankfurt no dia 21 de abril de 1941, Rudolf Bultmann asseverou que a cosmovisão bíblica está irreconciliável com a ciência moderna e que o homem moderno, inserido num conceito científico do mundo, não poderia aceitar o conceito mitológico do mundo expresso na Bíblia. Bultmann interpretava o Novo Testamento pela ótica do existencialismo de Martin Heidegger, para quem o homem não