filosofia
Numa dessas horas Ana saiu e pegou o bonde, onde se deparou com um homem cego. Um homem cego que mascava chicletes. Ele a fez se sentir desconfortável, sentir piedade pelo cego. O bonde deu uma arrancada e suas compras caíram no chão. Ana gritou e o condutor parou o bonde.
Quando o bonde voltou a andar tudo pareceu ter mudado. Tudo parecia estranho ao seu olhar, ficou espantada com o mundo ao seu redor. Percebeu que tinha perdido o seu ponto há muito tempo. Desceu do bonde e andou, até que se deparou com o Jardim Botânico. Entrou e sentou em um banco, não havia ninguém lá. Perdeu a noção do tempo pensando no cego e nas vitórias-régias. Quando acordou de seu devaneio lembrou de seus filhos e que seus irmãos iam jantar em sua casa.
Chegou em casa e seu filho correu e a abraçou. Ela o segurou fortemente. Sentou em uma cadeira sentindo vergonha, mas não sabia de que. Foi para a cozinha ajudar a empregada com o jantar. O marido chegou, os irmãos, as mulheres dos irmãos e seus filhos. A família estava tranquila e feliz, Ana se prendeu àquele momento.
Quando todos foram embora escutou um barulho vindo da cozinha. Pensou ser o fogão, com medo de incendiar a casa toda, correu até a cozinha. Era apenas seu marido, que tinha derrubado o café. Ele disse que já era tarde e hora de dormir, segurou sua mão. Ana se acalmou e foi dormir.