Filosofia
A obra de Platão pode ser entendida como uma longa reflexão sobre a decadência da democracia ateniense, de seus valores e ideais, de seu modelo, o contexto político que afinal condenou seu mestre Sócrates à morte.
Platão pretende analisar, avaliar, julgar as manifestações culturais gregas e o processo decisório em Atenas e suas consequências,
Tentando descobrir a sua significação, bem como a que motivações do homem – legítimas ou não – elas correspondem.
Daí a importância não só de Platão tematizar questões como:
O que significa a democracia?
Qual o estatuto civil da religião?
O que significa ensinar?
Como se definem as virtudes?
Mas também da maneira pela qual tal reflexão se realiza: o diálogo.
A obra de Platão se caracteriza como a síntese de uma preocupação com a ciência (o conhecimento verdadeiro e legítimo), com a moral e a política. Envolve assim um reconhecimento da função pedagógica e política da questão do conhecimento.
Sua conclusão é que o conhecimento em seu sentido mais elevado identifica-se com a visão do Bem.
Esquematicamente podemos identificar na concepção platônica as seguintes oposições:
Opinião X Verdade
Desejo X Razão
Interesse Particular X Interesse Universal
Senso comum X Filosofia
A filosofia corresponderia a um método para se atingir o ideal em todas as áreas pela superação do senso comum, estabelecendo o que deve ser aceito por todos, independente de origem, classe ou função.
A prática filosófica envolve assim, em certo sentido, o abandono do mundo sensível e a busca do mundo das ideias.
Embora represente um rompimento com o senso comum, uma superação da opinião, a dialética platônica tem como ponto de partida o senso comum, a opinião, submetidos a um reexame crítico. O filósofo não invoca uma revelação externa, uma inspiração, uma autoridade divina superior, mas conduz seu interlocutor a descobrir ele próprio a verdade.
A filosofia não deve apenas dizer e afirmar, mas preocupar-se em chegar à verdade, à