Filosofia

557 palavras 3 páginas
OS JORNAIS e OS OpeRÁRIOS
É a época da publicidade para as assinaturas. Os diretores e os administradores dos jornais burgueses arrumam as suas vitrines, pas- sam uma mão de verniz sobre seu título e chamam a atenção do passante (isto é, do leitor) para a sua mercadoria. A mercadoria é aquela folha de quatro ou seis páginas que todas as manhãs ou todas as tardes vai injetar no espírito do leitor os modos de sentir e de julgar os fatos da atualida- de política que mais convém aos produtores e vendedores de papel im- presso. Estamos dispostos a discorrer, com os operários especialmente, sobre a importância e a gravidade desse ato aparentemente tão inocente que consiste em escolher o jornal que se pretende assinar. É uma esco- lha cheia de insídias e de perigos que deveria ser feita com consciência, com critério e depois de amadurecida reflexão. Antes de tudo, o operário deve negar decididamente qualquer solidariedade com o jornal burguês. Deveria recordar-se sempre, sempre, sempre, que o jornal burguês (qual- quer que seja a sua cor) é um instrumento de luta movido por ideias e interesses que estão em contraste com os seus. Tudo o que publica é constantemente influenciado por uma ideia: servir a classe dominante, o que se traduz sem dúvida num fato, combater a classe trabalhadora. E, de fato, da primeira à última linha, o jornal burguês sente e revela essa preocupação.
“Porque tenho necessidade de saber o que há de novo.” E sequer lhe pas- sa pela cabeça que as notícias e os ingredientes com os quais são cozidas podem ser expostos com uma arte que dirija o seu pensamento e influa no seu espírito em determinado sentido. E, no entanto, ele sabe que tal jornal é conservador, que outro é interesseiro, que o terceiro, o quarto e o quinto estão ligados a grupos políticos que têm interesses diametralmen- te opostos aos seus. Todos os dias, pois, sucede a esse mesmo operário poder constatar pessoalmente que os jornais burgueses apresentam os fatos, mesmo os mais simples,

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