filosofia
Ser e não-ser: Parmênides, a verdade e o paradoxoCOMENTE
Josué Cândido da Silva, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
20/06/200817h04
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O filósofo alemão Friedrich Nietzsche diz que se Heráclito é o filósofo do fogo, Parmênides é o filósofo do gelo, vertendo em torno de si uma luz fria e penetrante.
Nietzsche descreve assim Parmênides de Eléia (cerca de 530 a 460 a. C.), pelo fato de esse filósofo ter fixado no ser imóvel e uno a fonte de tudo o que é.
Parmênides narra em seu poema o encontro com a deusa Verdade, que o instrui a se afastar do caminho sensível, uma via de confusão, que leva as massas indecisas a acreditarem que ser e não-ser são iguais.
Ora, apenas o ser pode ser pensado, já que o não-ser não é. Se eu não consigo ter uma ideia do que a coisa é, não posso pensá-la - e o que não pode ser pensado não é ser. Daí Parmênides conclui que só o ser é - e que o não-ser não é. Dessa verdade ele deduz outras:
1) O ser é todo inteiro - se o ser tivesse partes, algo nele seria separado, não fazendo parte do ser, mas isso seria não-ser. Consequentemente, o ser, sendo uno e indivisível, não pode ter partes.
2) O ser é imutável - o ser não pode ter surgido do não-ser ou tornar-se não-ser, já que o ser só pode ser idêntico a si mesmo - e não pode ser e não-ser ao mesmo tempo. Acreditar que o ser foi gerado significa dizer que houve um tempo em que o ser era não-ser, o que é contraditório. Logo, o ser é eterno, sem começo nem fim.
O mesmo se aplica ao dizer e ao pensar. Só podemos pensar no que é, pois só o que é exprime-se em palavras. Pensar em nada é não pensar; dizer nada é ficar calado.
A verdade muitas vezes é paradoxal
O caminho do ser é o caminho da verdade, que deve ser una e sempre idêntica a si mesma. Por exemplo, dois mais dois são quatro. Não importa o quanto as pessoas mudem de opinião, essa verdade continua inabalável - e mesmo as pessoas mais irascíveis são obrigadas a