Filosofia
O Papel do Mestre: Mênon revisitado sob uma perspectiva wittgensteiniana.
Profa. Dra. Cristiane Maria Cornelia Gottschalk
Faculdade de Educação da USP
Há vinte e cinco séculos atrás havia entre os gregos um verdadeiro espanto diante da existência do mundo: como é possível conhecêlo? E que tipo de conhecimento é esse? É possível um conhecimento verdadeiro e absoluto, ou tudo que somos capazes de saber não passa de meras opiniões, refutáveis a qualquer momento? Várias questões foram surgindo entre os gregos sobre a possibilidade do conhecimento e a sua natureza, questões que permanecem sendo discutidas até hoje nas diferentes vertentes epistemológicas. Para os sofistas não era possível alcançarse um conhecimento absoluto, irrefutável. Todo conhecimento era relativo, sempre poderíamos encontrar uma maneira de refutar a tese de nosso adversário. Além de ser impossível descobrir a verdade, julgavam inútil procurála. No diálogo platônico Mênon encontramos o argumento que utilizavam para demonstrar a impossibilidade de se alcançar um verdadeiro conhecimento: Não é possível o homem procurar o que já sabe, nem o que não sabe, porque não necessita procurar aquilo que sabe, e,quanto ao que não sabe, não podia procurálo, visto não saber sequer o que havia de procurar.(Mênon, 81) Este argumento dos sofistas ficou conhecido como paradoxo do conhecimento, que também pode ser expresso através da seguinte questão: como encontrar algo de que não se sabe nada? Se não é possível o conhecimento verdadeiro, se o que temos são apenas meras opiniões e se o máximo que podemos fazer é persuadir o outro que nossa opinião é melhor que a dele, concluise, então, que não há certezas, tudo pode ser refutável, e estamos imersos em um