Filosofia medieval
O panorama histórico onde se desenvolveu o pensamento filosófico cristão, apresenta aspectos controvertidos. Seus limites cronológicos são imprecisos: alguns historiadores iniciam a Idade Média com o Edito de Milão, em 313; outros, com o batismo de Constantino, em 337; outros, ainda, com a queda do imperador Rômulo Augusto, destronado por Odoacro, rei dos hérulos, em 476, quando se instalou o domínio dos bárbaros sobre o império romano do ocidente.
O final da Idade Média é, geralmente, fixado com a queda do império romano do oriente, em 1453, quando os turcos tomaram Constantinopla.
A noção de Idade Média também gera controvérsias; alguns a entenderam como mero intervalo cronológico entre duas culturas (a antiguidade clássica e o renascimento); outros, como um conceito cultural.
Foi considerada como intervalo cronológico, principalmente pelos renascentistas e os iluministas do século XVIII (como Voltaire, Gibbon e outros); para eles, a Idade Média foi vazia de arte, ciência e filosofia: foi a idade das sombras e das trevas.
Como conceito cultural, ao contrário, a Idade Média apresenta um ideal de vida cultural, política e religiosa, que deixou marcas estáveis na arte, na organização social e política e na cultura. Lembremo-nos, por exemplo, da construção das catedrais românicas e góticas, da fundação das primeiras universidades como Paris e Oxford, do império de Carlos Magno, da Suma Teológica de Tomás de Aquino e da Divina Comédia de Dante e consideraremos impossível pensar a Idade Média como uma longa noite de mil anos que se estendeu entre o classicismo e o renascimento.
Muitas formas de pensamento marcaram essa época. Ueberweg-Geyer aponta três características que parecem ter sido comuns às várias tendências da filosofia medieval e que contrastam com o pensamento antigo e moderno: 1) a estreita relação entre filosofia e religião, isto é, entre filosofia e teologia, que foi sintetizada na frase - philosophia ancilla theologiae (a