Filosofia do Tempo
Cap. IV
Filosofia do Tempo
Questão: Qual a natureza do tempo, segundo a filosofia e a física clássica?
1. Tempo Físico precede o Tempo Subjetivo?
Para os físicos, o tempo é geralmente considerado uma grandeza real do mundo físico, que existe de maneira independente de sujeitos conscientes. Trata-se de uma concepção realista do tempo. Mesmo no debate a respeito de se o espaço e o tempo são absolutos, anteriores à matéria, ou relativos, dependendo da relação entre os corpos materiais, a maioria dos físicos parece pressupor que a resposta a essa questão independeria da presença de seres inteligentes no Universo. Nesse sentido, trata-se de uma concepção realista a respeito do espaço e do tempo (sobre o realismo vs. fenomenalismo, ver seção II.1). Tal concepção pode ser chamada de perspectiva naturalista do tempo, segundo a qual o tempo físico existiu antes da evolução do ser humano, e portanto é distinto e anterior ao tempo psicológico.
No contexto filosófico, porém, é bastante difundida a noção de que o tempo depende do sujeito do conhecimento. Um exemplo clássico desta concepção é a epistemologia de
Immanuel Kant. Para ele, tempo e espaço seriam “formas da sensibilidade”, seriam a maneira que o sujeito formata, organiza ou constroi os dados dos sentidos.
Filosofias de cunho fenomenalista, para as quais não se pode separar a realidade daquilo que observamos ou daquilo sobre o qual temos experiência, tendem a dar prioridade epistemológica ao tempo psicológico, pois é a este que temos acesso primordial. O tempo físico seria apenas uma construção teórica, científica, que pressupõe a presença de um sujeito e de sua vivência do tempo. Esta concepção aparece de maneira clara no filósofo francês
Henri Bergson. Em suma, para esta perspectiva do sujeito, o tempo é conforme as nossas intuições, e rejeita-se a tese de que o tempo físico, que aparece em teorias físicas como a teoria da relatividade restrita, seja anterior