FILOSOFIA DO RENASCIMENTO
De que maneira evitar que essa rede planetária (internet) seja tão invasiva e perniciosa quando posta a serviço da difusão de fórmulas e receitas de morte?
Zuenir Ventura
(Jornalista e escritor, é autor, entre outros, dos livros 1968, o ano que não terminou e Inveja – mal secreto)
A entrada dos recém-formados no mercado de trabalho, ou seja, o começo da vida profissional, é uma espécie de novo vestibular que deveria ter como disciplina obrigatória a ética, esse conjunto de normas e regras morais de conduta e comportamento. Assim como não se consegue trafegar nas ruas sem as leis de trânsito, é também difícil exercer bem uma profissão sem considerar seu código de ética, mesmo quando não escrito.
No nosso tão complexo mundo moderno, ou pós-moderno, a necessidade imperiosa por princípios normativos – por uma deontologia – se faz notar em todas as áreas do conhecimento humano. Fala-se de uma bioética, como se fala de ética dos negócios, de ética do dinheiro, de moral pública, moral política e até de uma “internética”, que seria a possibilidade de regulamentação ou controle da mais onipresente tecnologia moderna de comunicação escrita.
Deve-se instituir uma censura para a Internet? De que maneira evitar que essa rede planetária, sem dono, sem sede, sem responsável e sem controle, seja tão invasiva e perniciosa quando posta a serviço do terrorismo, dos atentados, da pedofilia, da prostituição infantil ou da difusão de fórmulas e receitas de morte?
E no plano da comunicação de massa, até onde vai o direito do jornalista de invadir a privacidade dos outros? É ético usar clandestinamente instrumentos de captação de informações, como a câmera e o microfone escondidos? É possível estabelecer um controle externo para evitar os excessos da mídia sem que isso leve às desastradas práticas de censura política que o país conheceu durante a ditadura? E o erotismo, a violência, a obscenidade, o chulo e a vulgaridade? Como elevar o nível