Filosofia da mente

7736 palavras 31 páginas
CDD: 128.2

T. Nagel e os Limites de um Reducionismo Fisicalista
(Uma introdução ao artigo “What is it like to be a bat?”)
PAULO ABRANTES
Departamento de Filosofia
Universidade de Brasília
BRASÍLIA, DF abrantes@unb.br A primeira frase do artigo de T. Nagel, ‘Como é ser um morcego?’, expressa a perplexidade diante do que Chalmers (1996, 1997) classificou como o
“problema difícil” (the hard problem) em filosofia da mente: o problema da consciência.
O problema torna-se ainda mais “difícil” quando se rejeita o dualismo de substâncias e se adota uma postura inequivocamente fisicalista diante do problema mente-corpo. 1 Como podem existir propriedades mentais em um mundo caracterizado essencialmente por propriedades físicas? Essa questão é especialmente dramática no que tange à consciência. E torna-se incontornável sobretudo para filósofos que defendem ser a consciência a marca distintiva do mental, deixando para trás toda uma tradição que enfatizou a intencionalidade em detrimento da consciência. 2
As dificuldades do trabalho filosófico frente a esse problema começam mesmo antes: quando se constata que o termo ‘consciência’ é empregado em vá-

1 Para uma discussão das diversas modalidades de naturalismo em filosofia da mente e das suas relações com modalidades de fisicalismo, ver Abrantes, 2004b.
2 Polger (2004) é um exemplo dessa tendência na atualidade. É sugestivo compará-la com o modo como Paul Churchland (1991, p. 615) descreve a percepção dos filósofos da mente no início dos anos 1980.

Cad. Hist. Fil. Ci., Campinas, Série 3, v. 15, n. 1, p. 223-244, jan.-jun. 2005.

224

Paulo Abrantes

rios sentidos, tanto na linguagem cotidiana quanto nas discussões dos especialistas. Seguem alguns exemplos dessa polissemia.
‘Estar consciente’ é associado, comumente, a ‘estar desperto’: quando uma pessoa dorme ou está em coma, ou ainda quando está sob o efeito de anestésicos, diz-se que não está ‘consciente’. É também comum interpretar-se ‘estar consciente de algo’ por ‘estar

Relacionados

  • Filosofia da Mente
    1060 palavras | 5 páginas
  • filosofia da mente
    9319 palavras | 38 páginas
  • Filosofia da mente
    737 palavras | 3 páginas
  • Filosofia da mente
    2985 palavras | 12 páginas
  • Filosofia da mente
    1358 palavras | 6 páginas
  • filosofia da mente
    2750 palavras | 11 páginas
  • Filosofia da mente
    1840 palavras | 8 páginas
  • Filosofia Da Mente
    604 palavras | 3 páginas
  • Filosofia da mente
    356 palavras | 2 páginas
  • Filosofia da Mente
    1504 palavras | 7 páginas