filosofia crista
1- A Bíblia
“Bíblia”, do grego bíblia, significa “livros”. É um plural (de biblíon) que, no latim e nas línguas modernas, foi transliterado como singular para indicar o “livro” por excelência.
A mensagem bíblica, mesmo que não tenha sido inspirada pela razão e sim pela fé, teve tal impacto histórico e incidiu de modo tão profundo na concepção do mundo e da natureza do homem, que deve ser considerada também do ponto de vista filosófico.
Neste sentido, ela trouxe algumas contribuições revolucionárias para a história do pensamento. Vejamos algumas:
Passagem do politeísmo grego ao monoteísmo cristão: a doutrina da unicidade de Deus é especificamente judaico-cristã, enquanto todo o mundo helênico é condicionado pelo politeísmo. No âmbito do pensamento grego, todavia, Platão, Aristóteles, e sobretudo Plotino, haviam antecipado alguns aspectos com orientação monoteísta. Platão fala da unicidade do divino Demiurgo ordenador do cosmos e, nas doutrinas não escritas, põe o Uno no vértice do mundo supra-sensível. Aristóteles, embora admitindo uma multiplicidade de inteligências motoras divinas, colocava um primeiro Motor imóvel único, que pensava a si mesmo. Plotino faz toda a realidade derivar do absoluto e transcendente princípio do Uno. Em todo caso, o Ocidente ganhou o conceito de monoteísmo apenas da mensagem bíblica.
O criacionismo a partir do nada: a filosofia grega, em sua origem, buscou um princípio capaz de explicar a origem de todas as coisas (arché). Os primeiros filósofos, denominados pré-socráticos, não chegaram a um consenso sobre a arché. Por exemplo: para Tales de mileto a água era a origem de tudo, para Anaximandro era o apeíron, Heráclito considerava o fogo (devir), Leucipo e Demócrito os átomos e Parmênides que não defendia propriamente uma arché, mas que existe o Ser (imóvel, eterno e imutável). A mensagem bíblica, ao contrário, fala de “criação”. Com essa concepção de criação a partir “do nada”, cortava-se pela base a