filosofia aristoteles
Comparando Aristóteles e cristianismo
Quando examinamos as virtudes definidas pelo cristianismo, descobrimos que, embora as virtudes aristotélicas não sejam afastadas, deixam de ser as mais relevantes. Observamos, assim, o aparecimento de virtudes novas, concernentes à relação do crente com Deus (virtudes teologais), à posição da justiça e da prudência como virtudes particulares (virtudes que, para Aristóteles, não eram particulares, pois a justiça é o resultado da virtude e não uma das virtudes, e a prudência é a condição de todas as virtudes), à substituição da amizade pela caridade (entendida como amor ao próximo e esse amor como responsabilidade pela salvação do outro).
Podemos também observar que o que Aristóteles chamava de vício é transformado em pecado, portanto, em algo voltado para a relação do crente com a lei divina. Quanto às virtudes morais, encontramos entre elas uma que, para Aristóteles, era um vício - a modéstia -, além de verificarmos o aparecimento de virtudes ignoradas ou desconhecidas por Aristóteles, como a humildade e a castidade.
Com o cristianismo, surge também como virtude algo que, para um grego ou um romano, jamais poderia fazer parte dos valores do homem livre: o trabalho. Em contrapartida e como conseqüência, o ócio, valorizado pelos antigos e considerado pela sociedade escravista greco-romana como condição para o exercício da filosofia e da política, torna-se, a partir de então, o vício da preguiça.
Ampliando a comparação: a ética de Espinosa
Se, agora, tomarmos como referência um filósofo do século XVII, Baruch Espinosa, cuja obra principal intitula-se Ética, veremos o quadro das virtudes e dos vícios alterar-se profundamente.
A naturalidade das paixões
Para Espinosa, somos seres naturalmente afetivos, isto é, nosso corpo é ininterruptamente afetado por outros corpos (que podem conservá-la e regenerá-la ou enfraquecê-la e destruí-la) e afeta outros corpos (também podendo