filos
Conseguimos portanto mostrar, pelo menos, que, se o dever é um conceito que deve ter um significado e conter uma verdadeira legislação para as nossas acções, esta legislação só se pode exprimir em imperativos categóricos, mas de forma alguma em imperativos hipotéticos.
Immanuel Kant, Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Coimbra, Atlântida, TEXTO F
O objecto da ética é dizer-nos quais são os nossos deveres, ou por que meios podemos conhecê‑los; mas nenhum sistema de ética exige que o único motivo de tudo o que façamos seja um sentimento de dever. […] O motivo nada tem a ver com a moralidade da acção, embora tenha muito a ver com o valor do agente. Quem salva um semelhante de se afogar faz o que está moralmente correcto, quer o seu motivo seja o dever, ou a esperança de ser pago pelo seu incómodo.
John Stuart Mill, Utilitarismo, Lisboa, Gradiva, 2005, p. 65.
RESPOSTA
O texto responde à seguinte questão. «Em que consiste ou de que depende o valor moral de uma acção? Do motivo ou das consequências?». A resposta é clara. Uma acção é moralmente correcta se dela resultarem boas consequências. O motivo da acção não serve para avaliar a acção mas sim o carácter do agente. John Stuart Mill, um filósofo inglês do século XIX, foi um crítico severo de Kant – no texto é evidente essa oposição - e um dos mais famosos defensores de uma moral consequencialista. Mill pensava que o que conta são as consequências das acções e que temos a obrigação moral de optar sempre pela acção que melhores consequências tenha para todos os envolvidos, ou que evite a maior quantidade de sofrimento possível. No caso, a acção tem valor moral ou é moralmente correcta porque independentemente de ter sido feita de boa ou de má vontade, por dever ou por interesse, a consequência foi boa: salvou – se alguém de morrer afogado. O texto começa com a seguinte frase: «O objecto da ética é dizer-nos quais são os nossos deveres, ou por que meios podemos conhecê‑los». Mill quer dizer