FILME
- Você não é minha sócia, você trabalha para mim. Todos trabalham para mim.
Diversas vezes eu escrevi sobre a importância de um personagem em um filme. Sobre o quanto ter um bom personagem pode salvar um filme assim como ter um personagem ruim pode matar completamente uma produção. Isso é porque tendemos a nos identificar com quem estamos acompanhando na tela, mesmo que quem acompanhamos seja um canalha sem coração. E é nessa categoria que cai Robert Miller, interpretado com maestria por Richard Gere.
Robert é um milionário empresário que está envolvido em uma fraude multi-milionária. Além disso, ele trai a mulher com uma amante bem mais nova que ele, com quem decide sair pra viajar. Na viagem ele bate com o carro e causa a morte da mulher, e para não se envolver em um escândalo foge do local deixando o corpo dela sozinha dentro do carro. Nós vemos isso tudo acontecendo, e mesmo assim fica a tensão de acompanhá-lo fazendo isso e ainda escapar impune de tudo.
Ele é um homem muito acostumado a ouvir "sim" na vida dele, pois vive em um mundo acessível apenas para poucos (quase todos com jatos particulares) e assina cheques com sete dígitos para suas instituições de caridade favoritas. Essa parte é muito bem retratada desde o começo do filme, onde o vemos em uma entrevista sorrindo e falando de forma convincente. Ele sai da entrevista e pega um jato, e depois o vemos em casa comemorando seu aniversário ao lado da Mulher, Ellen (Susan Sarandon) e a filha, Brooke (Brit Marling). Esse é o mundo onde ele vive e ele parece muito acostumado com isso tudo.
É a filha dele que nos revela o homem que está atrás de todo aquele sorriso e charme. Primeiro ela pergunta pro pai