filme
Muitos pensam que a lógica e a razão jazem mortas e enterradas nas aventuras de Alice. Estão errados. A razão jaz morta e enterrada, a lógica não. Acontece que por ser uma lógica aos avessos, diferente das experiências do lado de cá do espelho, estamos inclinados a encarar como puro nonsense. Os países do espelho e das maravilhas possuem sua própria física, suas regras e seus habitantes também têm uma lógica interna. Aqui, no mundo real, onde três mais dois é igual a cinco, em terras nebulosas podem ser qualquer outra coisa.
De fato Svankmajer conseguiu capturar essa atmosfera confusa dos livros e colocar em seu filme, tanto que o resultado final soa bastante bizarro e nonsense. Ao contrário de outras produções, Alice de Svankmajer soa como uma obra estranha e obscura justamente por se aproximar tanto do trabalho de Carrol. Não poderia ser de outra forma, ora. O estranhamento que o país das maravilhas e o outro lado do espelho despertam é capaz de assustar por nos tirar do conforto da razão e nos levar para um mergulho no inconsciente onde tudo é e não é ao mesmo tempo.
No entanto, confesso que senti falta da participação de personagens importantes das aventuras de Alice e que iriam enriquecer ainda mais as bizarrices de Alice, como Humpty Dumpty e o Gato de Cheshire, entre outros. Bem, um paradoxo que resume a lógica das aventuras de Alice é a situação do “A regra é geleia amanhã e geleia ontem, mas nunca geleia hoje”. Dá para entender essa situação bizarra? Algum dia chegaremos a ter “geleia hoje”?. Não faz o menor sentido para Alice, garota de muito bom-senso e nem para nós, mas é perfeitamente plausível para os