Filme estomago
Nome: Nara Nathalya Moreira Martins
Turma: 100109
Filme Estômago
Estômago possui um título bastante paradoxal. De um lado o título é quase literal. Temos um filme forte que nos leva do encantamento ao horror, e aí o título faz sentido, pois o estômago reúne o luxo e o lixo, Nonato é um homem na casa dos 30, nordestino, sem qualificação, proveniente do meio rural, que desembarca em São Paulo sem um único centavo. Sem dinheiro para a própria alimentação, de inicio acaba trabalhando num bar em troca de comida e um quartinho para dormir. O quartinho fica nos fundos do bar e o patrão mora em cima. Nonato revela um talento na cozinha e passa de mero braçal a cozinheiro elogiado e depois disputado. O filme se firma em como o talento para cozinhar pode ser caminho para a notabilidade e o poder e tem um final ácido e surpreendente. Terminamos surpresos porque ele anuncia um fluxo de sofrimento, Raimundo Nonato como um desgraçado por toda a existência e por fim vemos um homem ser reconstruído diante dos olhos. O palco da virada é vermos Nonato, de mero braçal a talento usado e explorado, dar-se conta que poderia aproveitar suas habilidades para sobreviver, solucionar problemas e conquistar poder.
O que é apresentado é um cenário mundo cão próprio da cidade onde pobreza econômica é interpretada como pobreza moral. Se você não tem nada, você não vale moralmente nada e podem fazer qualquer coisa com você. O filme toca fundo nessa ferida de como a pobreza material pode levar ao rebaixamento moral e como a humilhação moral pode ser mais dolorosa do que a exploração e a pobreza econômica. Afinal, usado e explorado, Nonato manteve a serenidade, a simpatia e o servilismo. O seu primeiro crime, fatídico e trágico, não se deve a uma revolta econômica, mas a uma revolta moral. Nonato se revolta não por ser explorado, mas por ser humilhado pelo patrão e desprezado pela noiva. Ao menos é o estopim, como se um limite da humilhação tolerável