Filme entre os muros da escola
Fazer o espectador pensar é a urgência que Entre os Muros da Escola traz consigo. O bombardeio de perguntas torna-se inevitável na cabeça de quem assiste a um filme com tamanha riqueza semântica. O diretor Laurent Cantet baseou-se no livro homônimo de François Bégaudeau, que vive o professor da turma de sétima série retratada no longa. A relação entre professor e alunos do ensino fundamental de um colégio francês expõe o que é a juventude e os desafios do ensino atualmente, mas, além disso, funciona como um pequeno espelho da miscigenação cultural e racial que acontece na França.
Na época em que o atual presidente francês, Nicolas Sarkozy, era ministro do interior do país, fortes conflitos ocorreram na periferia francesa por conta do preconceito contra os imigrantes argelinos, o que gerou focos de tensão pelo embate violento que se instaurou na cidade. Assim, não é de se estranhar o clima de hostilidade que acompanha os alunos da escola Dolto, obrigados a conviver oito horas por dia com pessoas de culturas diferentes em uma sala de aula.
Cantet exprime uma visão brutalmente realista da decadência escolar como espaço democrático, fenômeno não-exclusivo da sociedade francesa e muito semelhante à realidade brasileira tanto nas instituições públicas como privadas. O colégio e os ambientes acadêmicos em geral perdem o caráter de espaço para debate de ideias e de democracia intelectual para se tornar o primeiro espaço que liberta os filhos do controle de seus responsáveis. Por isso não é estranho ver o professor François conversar com os pais de seus alunos e ouvir relatos do bom comportamento que eles apresentam nas suas casas e