filme Alexandria (Àgora)
As Ricas Horas do Duque de Berry
As Ricas Horas do Duque de Berry. Calendário: mês de abril. Elaborado pelos irmãos Limbourg, 1410, Chateau de Chantilly, França. terça-feira, 23 de agosto de 2011
Resenha do filme Alexandria (Ágora), de Alejandro Amenábar
O filme Alexandria, de Alejandro Amenábar, procurou preencher as grandes lacunas que temos em relação à vida e obra de uma importante personagem da cultura ocidental: Hipatia de Alexandria, uma matemática, astrônoma e filósofa que viveu entre 370 e 415 da Era Cristã, um contexto de profunda agitação política e religiosa em virtude da grave crise que se colocara o Império Romano.
Filha de Théon, um renomado matemático, diretor do Museu (casa das musas, sendo que cada uma das artes tinha uma respectiva musa, uma entidade protetora e inspiradora) e da Biblioteca de Alexandria, Hipatia teve uma sorte que poucas mulheres de sua época tiveram: a possibilidade de permanecer solteira, podendo assim ser livre para estudar e lecionar, sem ter que se submeter à autoridade de um homem, tudo isso com o consentimento de seu pai, que, observando as potencialidades da filha, preferiu dar-lhe uma educação muito mais ampla que uma mulher de alta condição social receberia ao invés da condição de “mãe e esposa”, que nas palavras de Théon, (Michael Logsdale), “seria a morte”.
Apesar da grande quantidade de romances e livros que procuraram retratar a célebre pensadora, o filme de Amenábar procurou fazer uma leitura mais ponderada e próxima do real: de um lado mostrava a excelência do trabalho de Hipátia, mas de outro não se esquecia de colocá-la como uma mulher rica, de uma sociedade escravista, que por mais que tentasse abrandar as diferenças entre ela (livre) e os escravos (propriedades), Hipátia ainda era alguém de condição superior que menosprezava os escravos, não tendo a crueldade de muitos senhores.
A fala de Hipátia censurando os discípulos sobre a intolerância foi exemplar: “as