filhos sem sexo
Úteros artificiais, óvulos e espermatozoides produzidos a partir de células-tronco. Com isso, a ciência promete um futuro com gravidez pós-menopausa e filhos legítimos de casais gays por Flávia Mantovani | Ilustrações: Cris Vector
Ilustração: Cris Vector
“Sexo é hereditário. Se seus pais nunca fizeram, você também não fará.” Brincadeiras como essa, que dão como certo que o sexo é necessário para a reprodução, podem não fazer sentido daqui a algum tempo. Ao menos é o que a bióloga britânica Aarathi Prasad afirma em seu livro Like a Virgin: How Science is Redesigning the Rules of Sex (Como uma virgem: como a ciência está redesenhando as regras do sexo), lançado recentemente no Reino Unido, ainda sem versão em português. O trocadilho com a música da cantora Madonna não é à toa: a tese defendida pela autora — ex-pesquisadora de câncer e genética da Imperial College London e atualmente dedicada à divulgação científica, com aparições em programas de TV e jornais — é que, graças a novas pesquisas, o ser humano poderá passar seus genes adiante recorrendo a métodos bem distantes do sexo tradicional.
Úteros artificiais, óvulos e espermatozoides criados a partir de células-tronco e homens tendo filhos sem precisar de mulheres (ou vice-versa) podem fazer parte do futuro da reprodução. Pesquisas nessas áreas já são desenvolvidas, a maioria em fase inicial. Os benefícios viriam não só para pessoas inférteis, mas também para mulheres que desejam engravidar após os 40, casais gays que querem ter filhos com a herança genética de ambos ou quem queira fazer uma produção independente sem recorrer à doação de sêmen ou óvulo. “A reprodução humana vai mudar radicalmente”, diz Aarathi.
Fora do corpo
Quando, em 1932, Aldous Huxley escreveu o clássico da literatura de língua inglesa Admirável Mundo Novo, previu bebês crescendo fora do corpo da mãe em espécies de chocadeiras. A ideia, à época mais do que futurista, pode se tornar realidade. “Não será a curto