Filhos agredidos: potenciais agressores?
1. Título do projeto: Filhos agredidos: potenciais agressores?
2. Introdução
Diferente de outros animais, desde os primeiros segundos de vida, o ser humano precisa do outro para garantir a sua sobrevivência, sendo necessário receber afeto, carinho, higienização, entre outras coisas. Além de sobreviver, ele deve ser inserido na sociedade que possui seus simbolismos, normas e necessidades. A ponte que o ligará ao mundo será a família, o primeiro grupo social ao qual ele pertencerá. (BOARINI, 2010)
Neves (2009, p.24) pondera que “A família é o cenário das versões controversas sobre amor e agressão, confiança e abuso, respeito e invasão, legitimadas em histórias de vida protagonizadas por personagens oriundas das camadas populares da sociedade ao longo das gerações”. Em meio a todo esse paradoxo, existente na organização familiar, vai-se construindo a identidade do indivíduo. Segundo a noção psicanalítica este é um processo individual, mas que sofre influência da cultura e do meio. (IDENTIDADE ORGANIZACIONAL, 1997)
Em diferentes sociedades é possível observarmos uma grande incidência da prática da violência física entre os membros das famílias, sendo mais comum a violência de pais contra filhos. Maldonado (1997, p. 14) nos mostra que estes dados são confirmados pelo Instituto Sedes Sapientiae, em São Paulo, ao colocar que “em 48,7% dos casos, são os pais (homens) e em 28,2% são as mães os que mais praticam violência contra crianças”. É importante ressaltar que estes dados referem-se apenas aos casos que tiveram a notificação da violência, visto que muitos casos permanecem ocultados.
Sabemos que a violência doméstica tem suas raízes no passado, sendo muitas vezes justificadas como forma de educar. Romanelli nos trás isso claramente:
A violência física era e é utilizada para domesticar, controlar, punir, enfim para submeter a vontade e os desejos infantis submetendo-os a imperativos diversos, aparentemente fundados nas boas