FIL Grande Ditador Fantasia Lusitana
Ao analisar estes dois filmes, há alguns aspetos que se realçam.
Primeiro, são dois tipos completamente diferentes de filme. Enquanto que no “Fantasia Lusitana” temos um relato apurado daquilo que foi a realidade portuguesa durante a segunda guerra mundial num estilo de documentário, no “O Grande Ditador” temos uma comédia satírica que através da ironia e do humor nos passa uma grande mensagem sobre as falhas do pensamento de Hitler e de como o poder está nas mãos do povo. Mas mesmo apesar da diferente abordagem cinematográfica, é possível estabelecer alguns pontos de ligação entre ambos.
Tanto um como outro, ainda que de maneiras diferentes, abordam a influência da guerra na vida do ser humano. Com João Canijo somos transportados a um Portugal diferente do que hoje conhecemos e podemos não só ver o que foi a vida de muitos refugiados de guerra alemães mas também ver o nosso país através dos seus olhos, ao ouvir alguns testemunhos de alemães que por cá passaram nessa fase negra da Europa.
Com o discurso de Charles Chaplin, e tendo em conta que o filme é lançado em plena guerra, temos uma crítica disfarçada às intenções de Adolf e um apelo ao ser humano para não perpetuar mais o estado adormecido em que se encontra, algo que não seria de esperar de uma comédia. No final, Chaplin deixa-nos com a esperança de um amanhã melhor.
Apesar de Portugal não se ter envolvido na guerra, partilhava com a Alemanha um dos elementos principais que o filme de Chaplin aborda: a ditadura.
Enquanto que a Alemanha viveu uma ditadura às mãos de Hitler, Portugal viveu-a às mãos de Salazar. Canijo mostra-nos o Estado Novo de maneira imparcial, com os respetivos benefícios e malefícios. Por um lado, temos a jogada brilhante de Salazar ao conseguir a neutralidade de Portugal na segunda guerra mundial. Do outro, vemos como ainda assim, Portugal sofria com a falta de produtos alimentares e com a inflação.
Algo que salta aos olhos depois