Figuras de linguagem do livro Vidas Secas
Capítulo 1: “As alpercatas dele estavam gastas nos saltos, e a embira tinha-lhe aberto entre os dedos rachaduras muito dolorosas. Os calcanhares, duros como cascos, gretavam-se e sangravam.” “Caminhando, movia-se como uma coisa, para bem dizer não se diferençava muito da bolandeira de seu Tomás. Agora, deitado, apertava a barriga e batia os dentes. Que fim teria levado a bolandeira de seu Tomás?” “E ele, Fabiano, era como a bolandeira. Não sabia porquê, mas era.”
Obs: Máquina de descaroçar algodão. Nos tempos antigos, a máquina era puxada por carro de boi a manivela.
Nos tempos modernos, a bolandeira é pouco utilizado ou não é usada, tendo em vista as novas máquinas e o novo mercado.
Máquina utilizada para separar semente.
Capítulo 2:
“- Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta. Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar só. E, pensando bem, ele não era homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros. Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se na presença dos brancos e julgava-se cabra.
Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse percebido a frase imprudente. Corrigiu-a, murmurando: - Você é um bicho, Fabiano.” “Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali. Aparecera como um bicho, entocara- se como um bicho, mas criara raízes, estava plantado.”
“Chape-chape. As alpercatas batiam no chão rachado. O corpo do vaqueiro derreava-se, as pernas faziam dois arcos, os braços moviam-se desengonçados. Parecia um macaco.”
“Vivia longe dos homens, só se dava bem com animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia.” “Não queria morrer. Estava escondido no mato como tatu.