Figura de Linguagem: Hipálage
As reticências é uma figura de construção ou de sintaxe. Elas marcam uma suspensão da frase, devido, muitas vezes a elementos de natureza emocional.
Segundo Rocha Lima a reticência é a suspensão intencional do pensamento, quando o silêncio parece mais expressivo do que a palavra.
Exemplo: “Nós dois...e, entre nós dois, implacável e forte,
A arredar-me de ti, cada vez mais, a morte...” (OLAVO BILAC)
(Rocha Lima, 2003, p. 511 Empregam-se:
- para indicar continuidade de uma ação ou fato.
Por Exemplo:
O tempo passa...
- para indicar suspensão ou interrupção do pensamento.
Por Exemplo:
Vim até aqui achando que...
- para representar, na escrita, hesitações comuns na língua falada.
Exemplos:
"Vamos nós jantar amanhã?
– Vamos...Não...Pois vamos."
Não quero sobremesa...porque...porque não estou com vontade.
Coloca-se reticências no texto quando se quer indicar que naquela posição há uma pausa adicional não sintática na elocução, causada por hesitação, suspense ou outra razão pragmática. Veja exemplos:
Não sei se devia lhe dizer, mas... O caso é grave.
E o prêmio vai para ... A equipe azul.
- para realçar uma palavra ou expressão.
Por Exemplo:
Não há motivo para tanto...mistério.
- para realizar citações incompletas.
Por Exemplo:
O professor pediu que considerássemos esta passagem do hino brasileiro:
"Deitado eternamente em berço esplêndido..."
Nas citações, as reticências são empregadas para indicar trechos omitidos desnecessários ao contexto. Trata-se de um emprego pragmático que equivale à pausa no discurso oral. Por exemplo:
"Se é para o bem de todos ... diga ao povo que fico." D. Pedro I
- para deixar o sentido da frase em aberto, permitindo uma interpretação pessoal do leitor.
Por Exemplo:
"Estou certo, disse ele, piscando o olho, que dentro de um ano a vocação eclesiástica do nosso Bentinho se manifesta clara e decisiva. Há de dar um padre de mão-cheia. Também, se não vier em um ano..." (Machado de