Figura de Jesus
A FIGURA DE JESUS
“Quem é este a quem até o vento e o mar obedecem?” (Mc 4,41).
O objetivo deste capítulo é propor uma breve reflexão sobre o sig-nificado da pessoa de Jesus, particularmente como se apresenta ao observador atento, ou seja, sobre a sua figura (daí se explica o título acima), não esquecendo que Ele não é apenas objeto de estudo histórico, pois qualquer abordagem de sua pessoa exige que a dimensão da fé não seja preterida.
A figura de Jesus, delineada pelas suas palavras e atitudes, revela uma pessoa totalmente original, com uma personalidade até paradoxal, por vezes, mas sempre mostrando um ser inigualável, inconfundível e sem nenhum paralelo humano. E o seu agir, exercido dentro de sua originalidade pessoal própria, demonstra uma total coerência interna, conforme exprime H. Echegaray, só compreensível dentro das forças históricas onde se situa, perante as quais organizou sua prática, para que seu projeto chegasse a bom termo1. E assim se torna possível iluminar historicamente a missão de Jesus, considerando com seriedade a sua humanidade.
Inicialmente, virá abordada a dimensão histórica de Jesus de Nazaré, com a situação e o ambiente próprio de sua época e o estado atual da pesquisa histórica, tendo em conta que os Evangelhos se constituem na fonte mais autorizada para reconhecer a historicidade do Nazareno, apesar de a Sagrada Escritura retratar a história de Jesus de Nazaré a partir da sua ressurreição, que O constituiu em “Senhor e Cristo” (cf. At 2,36). Porém, esse trabalho não é suficiente, pois também é necessário analisar a sua posição diante dessa realidade cultural específica e a sua reação diante dos grupos significativos ou partidos políticos existentes nesse período da história do povo de Israel. Isso pressuposto, necessariamente deve-se examinar o dogma em si, visto que a história de Jesus foi refletida pela Igreja, que elaborou, conseqüentemente, uma verdadeira reflexão teológica, colhendo os elementos fornecidos