Fichamento G neros
G. SERGE, C. Gênero. In: Enciclopédia Einaudi, V. 17. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda. 1989, V.17. pp. 70-93
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Função do gênero
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[...] a doutrina dos gêneros parece cultivada, habitualmente, num período subsequente ao seu desenvolvimento [...], mesmo se em épocas de forte codificação literária ela pode assumir uma finalidade normativa e, por isso, virar-se para o futuro. O gênero tem, assim, às vezes, uma função nomenclativa, outras vezes, uma função projectual ou mesmo normativa.
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Classificação platônica
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[...] propõe uma classificação, binária, exclusivamente conteudística: gênero sério (epopeia e tragédia) e gênero burlesco (comédia e sátira). Mais elaborada, a tripartição, ainda ela platônica [...], em gênero mimético ou dramático (tragédia e comédia), expositivo ou narrativo (ditirambo, nomo, poesia lírica) e misto (epopeia), visto que ela se baseia, não em características intrínsecas, mas na variação das relações entre literatura e realidade, aferida à luz do conceito fundamental de mimesis’imitação’
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A posição de Aristóteles
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[...] é a de um historiador e de um crítico que, simultaneamente, como filósofo, tenta determinar os princípios gerais com que justificar suas asserções. É a autoridade do filósofo que poderá, mais tarde, levar a ler a Poética como uma preceptística literária; acrescente-se o fato de que a história dos gêneros literários na antiga Grécia [...] não podia deixar de surgir a seus olhos como um processo de aperfeiçoamento que atingiu, com a grande literatura do período ático, uma sistematização que [...] se apresentava como definitiva
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Amadurecimento do inventário de gêneros
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Mas é só no período alexandrino que amadurece uma bem definida doutrina dos gêneros: uma espécie de inventário da grande literatura já então exausta, ou repertório de escolha para os epígonos. Os gêneros são postos em relação direta com os estilos e caprichosamente classificados: assim, por exemplo, no teatro,