Fichamento - Terra dos Homens - Cap. II
1917 palavras
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Entre os primeiros povos e nos meios populares das sociedades tradicionais, as geografias não são exclusivamente feitas de práticas e de habilidades. Elas são carregadas de experiências e subjetividade. Viver é evoluir entre as paredes ou se encontrar ao ar livre. Viver é estar em contato com o meio ambiente em todos os sentidos: com a visão, a audição, o olfato, o tato. É se mover em um ambiente selvagem, cultivado ou urbanizado, é percebê-lo enquanto paisagem. As pessoas têm uma reação emotiva diante dos lugares em que vivem, que percorrem regularmente ou que visitam eventualmente. Alguns lhes agradam, lhes parecem agradáveis, acolhedores ou calorosos; outros os seduzem por sua beleza, pela impressão de calma e de harmonia que deles emana ou pela força das emoções que eles suscitam. Em outros lugares a feiura, a sujeira ou o mau cheiro provocam a repulsa no visitante. Os homens são seres sensíveis: o espaço onde eles evoluem não lhes parece jamais neutro. Eles moram nele: eles têm ali um domicílio, uma casa, um apartamento, ou uma tenda, um trailer rebocado (Collignon e Staszak, 2004). É aí que eles descansam, que refazem suas forças ou que dormem. O espaço do domicílio é fundamental para o equilíbrio psicológico do indivíduo. É aí que, quando bebê, ele descobre o seio e o braço de sua mãe, começa a explorar o mundo ao tateá-lo, ao tocá-lo, ao cheirá-lo, ao pô-lo na boca, ao percorrê-lo de quatro e depois de pé. Ele aprendeu ali o que é ser amado, cercado de carinho e de cuidados. Aqueles cuja infância se passou fora de um núcleo familiar geralmente têm cicatrizes na alma; o tempo as cura mal. A reação que as pessoas experimentam em relação aos lugares em que vivem é inseparável dos seres que eles aí encontram: “um único ser te falta e tudo fica deserto!” A existência dos nômades o confirma. Eles vão e vêm ao sabor das estações, da migração da caça ou do crescimento da pastagem com que seus rebanhos se alimentam. As tendas estão sempre