Fichamento por citação – O QUE É POLITICA, João Ubaldo Ribeiro. capitulo 1
O conceito de “transição epidemiológica” refere-se às modificações, a longo prazo, dos padrões de morbidade, invalidez e morte que caracterizam uma população específica e que, em geral, ocorrem em conjunto com outras transformações demográficas, sociais e econômicas.
Na população brasileira o processo engloba três mudanças básicas: 1) substituição, entre as primeiras causas de morte, das doenças transmissíveis (doenças infecciosas) por doenças não transmissíveis; 2) deslocamento da maior carga de mortalidade dos grupos mais jovens (mortalidade infantil) aos grupos mais idosos; e
3) transformação de uma situação em que predomina a mortalidade para outra em que a morbidade (doenças crônicas) é dominante.
Há uma correlação direta entre os processos de transição demográfica e epidemiológica. De um modo geral a queda inicial da mortalidade concentra-se seletivamente entre as doenças infecciosas e tende a beneficiar os grupos mais jovens da população. Estes “sobreviventes” passam a conviver com fatores de risco para doenças crônico-degenerativas e, na medida em que cresce o número de idosos e aumenta a expectativa de vida, tornam-se mais freqüentes as complicações daquelas moléstias. Este fenômeno é conhecido como “epidemia oculta”.
Modifica-se o perfil de saúde da população; ao invés de processos agudos que “se resolvem” rapidamente através da cura ou do óbito, tornam-se predominantes as doenças crônicas e suas complicações, que implicam em décadas de utilização dos serviços de saúde.
Em indivíduos maiores de 60 anos a predominância de óbitos relacionados às doenças crônico-degenerativas é evidente. No Brasil, em 1990, mais de metade dos óbitos em idosos foram causados por doenças do aparelho circulatório e 15% por neoplasias.
Este tipo de transição epidemiológica nos obriga a readequar os programas de saúde.
BRASIL PASSA POR TRANSIÇÃO EPIDEMIOLOGICA
Nas últimas décadas, o Brasil passou por intensa urbanização, industrialização