Fichamento Infância e História
Página 22-24: Toda pregação sobre a experiência recai, no fato desta não ser mais algo que foi dado ao homem a fazer. Esse discurso atual relaciona-se com a incapacidade do ser contemporâneo em fazer e transmitir experiências. O diagnóstico da indigência de experiências da modernidade é compatibilizado ao infortúnio da guerra mundial, que em seus atos silenciava os homens ceifando experiências partilháveis. Todavia, hoje se sabe que a necessidade de um revés como um conflito global é ínfima, na mediada em que, o simples convívio ordeiro em um grande centro urbano pode ser suficiente para ultimar experiências. O cotidiano do homem contemporâneo não possui quase nada que possa ser transposto em experiências, visto que apesar da intensa rotina que o acompanha (repleta de eventos de todos os tipos) nenhum desses acontecimentos, vivido por ele, tornam-se experiências de fato. Esta inaptidão em se traduzir experiências reverte a modernidade em algo insuportável quando comparada ao passado, mas não detestável no sentido de má qualidade de vida e sim na acepção do despotismo do cotidiano através da banalidade. A experiência tem seu necessário análogo não só no conhecimento mas na autoridade, atualmente ninguém parece dispor dessa competência, e se dispõe, nem mesmo emerge a concepção de fundamentar em experiência a sua própria autoridade. O que particulariza o atual tempo, ao contrário, é que não se admite como válida qualquer autoridade que tenha como mecanismo de legitimação experiências, daí o extravio da máxima e do proverbio, cujas formas apresentavam a autoridade da experiência.
Página 25-27: A privação da experiência estava implícita no projeto fundamental da ciência moderna. "... A verdadeira ordem da experiência começa por ascender o lume; com este, em seguida aclarar o caminho, iniciado pela experiência bem disposta e ponderada e não por aquela descontinua e às avessas; primeiro deduz os axiomas e depois e depois procede a novos