Fichamento Guillermo O’Donnell
Guillermo O’Donnell
Os obstáculos são enormes e variados, gran¬des são as insatisfações de muitos que saudaram jubilosamente o fim dos regimes autoritários, às vezes as forças democráticas parecem es¬gotar-se ou perder o rumo, e os novos governos conseguem apenas, com graus de eficácia variáveis, ocupar-se dentro de uma pesada agenda só dos graves problemas nacionais. (P. 42)
Muitos amigos e companheiros das lutas antiautoritárias ocupam atualmente altas posições no governo ou na liderança de partidos políticos no Brasil, Argentina, Uruguai, Peru e Bolívia. Amanhã acontecerá a mesma coisa no Chile e no Paraguai. (P 42)
O tema que me proponho a abordar é extremamente complexo. Para fazê-lo com razoável clareza, devo começar pela presente seção que a temo ser árida e abstrata. Espero que o interesse dos leitores e leitoras sobreviva a ela. (P 43)
No Brasil, a primeira transição foi insolitamente prolongada.2 Para os países latino-americanos que fizeram ultimamente a primeira transição (Brasil, Argentina, Uruguai, Peru, Equadorr e República Dominicana), já ficou claro que a segunda transição não será menos árdua nem menos prolongada; os caminhos que levam de um governo a um regime democrático são incertos e complexos, e ás’ possibi¬lidades de regressão autoritária são múltiplas. (p 43)
Este é o núcleo do problema estratégico dos atores democratizantes: por um lado, evitar essas regressões e por outro empurrar o processo de maneira tal que embora a ritmos oscilantes e com numerosas incertezas ele avance até à consolidação da democra¬cia. Contra este processo existem graves obstáculos. Entre os prin¬cipais cabe mencionar a subsistência de atores marcadamente autori¬tários que controlam importantes recursos de poder; a atitude de neutralidade ou indiferença com relação ao regime político em vigor, da parte de muitos outros atores; e a vigência em numerosos planos que vão desde a sociabilidade cotidiana até