Fichamento Estética das Favelas
A questão que se discute já não é mais, felizmente, relativa à remoção e relocação dos habitantes das favelas para áreas longínquas da cidade. Hoje, o direito à urbanização é um dado adquirido e incontestável, ou seja, a questão já não é mais simplesmente social e política mas deve passar obrigatoriamente por uma dimensão cultural e estética.
Além de fazer parte do nosso patrimônio cultural e artístico, as favelas se constituem através de um processo arquitetônico e urbanístico vernáculo singular, que não somente difere, ou é o próprio oposto, do dispositivo projetual tradicional da arquitetura e urbanismo eruditos, mas também compõe uma estética própria [...]
[...] a favela deve se tornar um bairro formal para que uma melhor integração da favela ao resto da cidade se torne possível.
Por que o «Pattern» bairro é sempre o exemplo a ser seguido em detrimento do inventivo e rico, tanto culturalmente quanto formalmente, «Pattern» favela? Porque não tentar seguir o «Pattern» Favela, tentando aprender com a sua complexidade e riqueza formal?
Figuras conceituais
A singularidade, ou melhor, a alteridade, desses espaços ditos «informais» ou «selvagens» era até pouco tempo completamente desprezada pelos arquitetos e urbanistas. As favelas possuem uma identidade espacial própria (mesmo sendo diferentes entre si) e ao mesmo tempo fazem parte da cidade como um todo, da sua paisagem urbana.
Algumas características básicas do dispositivo espaço-temporal (mais do que o próprio espaço é a temporalidade que causa a diferença) das favelas podem ser exemplificadas por três figuras conceituais (não são somente formais/ metáforas espaciais), em três escalas diferentes (aqui apresentadas de forma sintética e esquemática).
1. Fragmento
Os barracos das favelas são construídos inicialmente a partir de fragmentos de materiais heteróclitos encontrados por acaso pelo construtor.Assim, os barracos são fragmentados formalmente.
O barraco evolui