Fichamento do texto: “um califado baiano? os malês e a rebelião.”
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REIS, João José. Um califado baiano? Os malês e a rebelião. In: Rebelião Escrava no Brasil – A História do Levante dos Malês em 1835. São Paulo, Companhia das Letras, 2003.INTRODUÇÃO
“A rebelião de 1835 não foi uma explosão repentina, resultado de apressada decisão, como por vezes acontecera em revoltas escravas anteriores. Houve um período, longo talvez, de gestação.” (p. 246) Na introdução o autor situa os leitores sobre o recorte histórico no qual ele está trabalhando. Demonstra sua posição sobre o assunto e defende uma revolta pensada com antecedência, mais ou menos quatro anos antes de 25 de janeiro de 1835.
DA RELIGIÃO À REBELIÃO
“O levante aconteceu num momento de expansão do islamismo entre os africanos que viviam na Bahia.” (p.247) “O sucesso dos rebeldes em construir um grupo relativamente coeso e atraente – uma “sociedade malê”, como aparece dito na devassa – deve ter alimentado ideias de ultrapassagem dos limites estabelecidos pela ordem escravocrata (...)” (p.247), onde indivíduos e subgrupos dentro do movimento buscavam por seus interesses. Esses sujeitos viam nessa rebelião a oportunidade de buscar sua liberdade ou até mesmo de voltar a sua terra de origem.
A rebelião “(...) começa onde aquela enuncia a predileção por um grupo oprimido. O próprio fato de africanos escravos e libertos professarem o islamismo configurava uma cisão, um afastamento radical da máquina ideológica escravista e, portanto, uma rebeldia.” (p.247) “Nesse sentido, os malês viviam à margem da lei.” (p.247)
“Por não ser uma religião de raiz étnica, mas de caráter universal, o islamismo tinha também o potencial, nem sempre realizado, de unir africanos de várias origens, retirando dos escravistas a vantagem política da divisão entre aqueles.” (p.248) Embora, a ideia islã tivesse arrebatado um bom número de seguidores isso não significava que ali se formava uma classe. Segundo o autor, era muito mais que isso. Era um grupo, de cultura não europeia, reunidos por uma crença