fichamento do cap 1 do livro Política social: fundamentos e história
1. A perspectiva funcionalista Toda análise de processos e relações sociais, na verdade, é impregnada de política e disputa de projetos societários, apesar de algumas perspectivas analíticas, como veremos, propugnarem de variadas formas o mito da neutralidade científica. O processo social que está em nosso foco de análise - a política social - é revelador da interação de um conjunto muito rico de determinações econômicas, políticas e culturais, no mesmo passo em que é coberto pelo véu ideológico do "mundo da pseudoconcreticidade", aquele que, segundo Kosik (1986), precisa ser destruído para que possamos ir além das suas manifestações fenomênicas, para em seguida reconstruí-lo no nível do pensamento com toda sua riqueza.
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Esse é um procedimento que amiúde despolitiza a questão, transferindo-a para uma dimensão instrumental e técnica, e esvaziando-a das tensões políticas e societárias que marcam a formulação e a cobertura das políticas sociais. Com isso inviabiliza-se o conhecimento mais aprofundado da política social, bem como a formulação de estratégias consistentes por parte dos sujeitos políticos envolvidos. A maior contribuição da tradição marxista para um abordagem da política social - e dos processos sociais, de uma maneira geral - ou de uma reconstrução dessa categoria inscrita na realidade sócio-histórica é exatamente a sua perspectiva metodológica, com o que concordamos com Lukács, quando nos diz: "O marxismo ortodoxo não significa, pois, uma adesão sem crítica aos resultados da pesquisa de Marx, não significa uma 'fé' numa ou noutra tese, nem a exegese de um livro 'sagrado'.
Pág. 27 O chamado "pai da sociologia" inicia seu texto clássico com uma espécie de manifesto contra o vulgo e o senso comum, afirmando que "o objetivo de toda a ciência é descobrir, e toda descoberta desconcerta mais ou menos as opiniões formadas" (1987: XV). Até aí estamos inteiramente de acordo com o autor. Mas vejamos como ele propõe chegar a tais