FIchamento do artigo Língua e descriminação de Tania Maria Alkimim

Língua e discriminação

1. Preconceito e discriminação são formas eficientes de desqualificar uma pessoa socialmente o que se assemelha aos demais tipos de discriminação: étnica, religiosa, sexual, etária, política, social.
2. O único aspecto que os diferenciam das demais práticas discriminativas é a não divisão social entre “preconceituosos e vítimas, discriminadores e discriminados”.
3. O preconceito e a discriminação linguística são exercidos por todos. Na realidade “todos os indivíduos os exercem democraticamente”.
4. Aquele que costuma discriminar alguém “pelo uso de menos pessoas” também está passível de ser discriminado por pequenos enganos como, por exemplo: “descriminação no lugar de discriminação” ou “siclano no lugar de sicrano”.
5. Mesmo aqueles, vítimas da discriminação, estão aptos a discriminar, tanto a si mesmos quanto a outros. “Esse aí... ta na cara que não tem estudo... fala que nem nós...”.
6. Tais práticas e suas consequências atingem todos, “atravessam as classes sociais, os gêneros, as faixas etárias, os grupos políticos, os movimentos sociais”.
7. Todos nós concordamos quando nos referimos ao que é “feio desagradável, grosseiro, caipira, deselegante,” e nos foi ensinado a proceder de maneira igualmente negativa em relação aos “usos linguísticos como brusa, o pessoal tão aí, ninguém não viu”.
8. Acontece que as pessoas que fazem uso dessas formas lingüísticas estão de acordo com a própria fala merecer desqualificação e estão convencidos de que aquela, usada por quem os discrimina seja superior.
9. Por exemplo o personagem Fabiano de Vidas Secas (Graciliano Ramos) que era “mudo no trato social, incapaz de se exprimir. Reduzido ao silêncio por não ter habilidade de enfrentar o seu interlocutor. Mas pensava e pensava muito. E admirava o Seu Tomás da bolandeira, rico por possuir uma cama e por ser capaz de falar tão bem”.
10. Não adiantaria estender a discussão sobre a discriminação linguísticas e seu caráter ideológico, mas