Fichamento Diario de Narciso
Descrição e crítica dos testes-padrão
A afasia se caracteriza por alterações de processos lingüísticos de significação de origem articulatória e discursiva (nesta incluídos aspectos gramaticais) produzidas por lesão focal adquirida no sistema nervoso central, em zonas responsáveis pela linguagem, podendo ou não se associarem a alterações de outros processos cognitivos. Um sujeito é afásico quando, do ponto de vista lingüístico, o funcionamento de sua linguagem prescinde de recursos de produção ou interpretação (p. 5).
O interesse deste trabalho circunscreve-se na análise de como as alterações de linguagem têm sido avaliadas pela neurolinguística e sobre qual visão de linguagem está assentada (p. 5).
O desenvolvimento da neurolinguística resultou em procedimentos avaliativos e analítico-descritivos (incluindo baterias de teste-padrão) que, de um modo geral, apresentam as seguintes inadequações:
- descontextualizações das tarefas de linguagem propostas, simulando situações artificiais para uma suposta atividade lingüística;
- predominância de tarefas metalingüísticas que, embora necessárias para o diagnóstico, não podem substituir atividades lingüísticas e a consideração dos processos epilinguísticos envolvidos na reconstrução da linguagem pelo sujeito afásico;
- o fato de que a natureza das tarefas propostas corresponde a exercícios fundados na língua escrita, com um forte compromisso escolar [...]
- insuficiência nos resultados empíricos [...] (p. 6).
Considero, pois, crucial a tarefa de rever os princípios que têm orientado a avaliação dos sujeitos afásicos (p. 6).
Historicamente, os testes-padrão faziam-se necessários para localizar lesões cerebrais. Classicamente, era a partir de tarefas metalingüísticas (efetuadas ou não pelo paciente) que se localizava topograficamente a área cerebral acometida. Além disso, os testes forneciam os critérios de classificação dos diferentes tipos de afasia (p. 6/7).
Começo por advertir