Fichamento de Os anjos bons da nossa natureza: Por que a violência diminuiu.
Esse livro trata de um acontecimento que pode ser o mais importante de toda história humana. Acredite se quiser – eu sei que a maioria não acredita –, a violência vem diminuindo desde o assado distante, e hoje podemos estar vivendo a era mais pacífica que a nossa espécie já atravessou. É verdade que esse declínio não tem sido uniforme, que ele não zerou a violência e que não há garantias de que continue. Mas o avanço é inconfundível, visível em escalas que vão de milênios a meros anos, de guerras até o castigo físico de crianças. P. 19
A trajetória histórica de violência afeta não só o modo como a vida é vivida, mas também como ela e entendida. O que poderia ser mais fundamental para nossa concepção de sentido e propósito do que saber se os esforços da raça humana ao longo das eras nos deixaram melhor ou pior? Como, em especial, devemos compreender a modernidade – a erosão da família, tribo, tradição e religião pelas forças do individualismo, cosmopolitismo, razão e ciência? Muito depende de nosso modo de ver o legado dessa transição: se enxergarmos nosso mundo como um pesadelo de crime, terrorismo, genocídio e guerra como um período que, pelos padrões da história, é abençoado com níveis sem precedentes de coexistência pacífica. P. 19-20
A questão de qual sinal aritmético, positivo ou negativo, se aplica à tendência da ciência também influencia nossa concepção da natureza humana. Embora muitas teorias da natureza humana baseadas na biologia sejam associadas a um fatalismo que concerna à violência, e apesar de a teoria de que a mente é uma tábula rasa ser associada ao progresso, em minha opinião é o inverso que ocorre. Como devemos conceber o estado natural da vida quando nossa espécie surgiu e o processo da história teve início? A crença de que a violência aumentou sugere que o mundo que fizemos nos contaminou, talvez irremediavelmente. A crença de que a violência diminuiu sugere que começamos broncos e que os artifícios da civilização