Fichamento de oração aos moços
BARBOSA, Rui. Oração aos Moços. São Paulo: Martin Claret, 2003.
A obra “Oração aos Moços”, de Rui Barbosa, trata-se de um discurso dirigido à turma de bacharelandos da Faculdade de Direito de São Paulo, da qual Barbosa fora escolhido paraninfo, em ocasião da cerimônia de formatura da classe de 1920.
Impedido de comparecer, por motivos de ordem médica, e tendo seu discurso lido pelo professor Reinaldo Porchat, Rui Barbosa se pronuncia, logo no começo de sua obra, acerca de sua ausência:
Mas, recusando-me o privilégio de um dia tão grande, ainda me consentiu o encanto de vos falar, de conversar convosco, presente entre vós em espírito; o que é, também, estar presente em verdade. Assim que não me ides ouvir de longe, como a quem se sente arredado por centenas de quilômetros, mas de ao pé, de em meio a vós, como a quem está debaixo do mesmo teto [...] (p.27).
Rui então se manifesta contrário ao provérbio que diz: “longe da vista, longe do coração”. Chega a afirmar, inclusive, que muitas vezes, quando se está mais longe da vista dos olhos, então (e por isso mesmo), é que se está mais perto do coração. Nesse sentido, defende que o coração não é tão frívolo ou superficial quanto se pensa, e que há nele mais do que um aspecto fisiológico, há um prodígio moral. Sobre o coração, assim disse: É o órgão da fé, o órgão da esperança, o órgão do ideal. Vê, por isso, com os olhos d’alma, o que não veem os do corpo. Vê ao longe, vê em ausência, vê no invisível, e até no infinito vê. Onde pára o cérebro de ver, outorgou-lhe o Senhor que ainda veja; e não se sabe até onde. (p.28)
Em seguida, o autor empreende uma reflexão acerca de sua carreira, dos cinquenta anos de serviço ao direito e do jubileu de ouro de sua formatura. Ao fazer um balanço desses cinquenta anos, Rui Barbosa reconhece seus limites e fraquezas com humildade e modéstia, sem deixar de reconhecer também sua luta e esforço. “Tenho o consolo de haver dado ao meu país tudo o que me estava ao