Fichamento "comentários sobre a década de tito lívio" maquiavél
Introdução
As leis não são mais do que sentenças dos juriconsultos pretéritos, as quais, codificadas, orientam os modernos juristas. A própria medicina não passa da experiência dos médicos de outros tempos, que ajudam os clínicos de hoje a fazer seus diagnósticos. Contudo, quando se trata de ordenar uma república, manter um Estado, governar um reino, comandar exércitos e administrar a guerra, ou de contribuir justiça aos cidadãos, não se viu ainda um só príncipe, uma só república, um só capitão, ou cidadão, apoiar-se no exemplo de antiguidade.
Como começaram as cidades, de modo geral: e como Roma, em particular, teve o seu início.
O primeiro caso ocorre quando os habitantes, disseminados por muitas vilas de limitada população, tem dificuldade de viver em segurança, já que nenhuma dessas vilas, devida localização e reduzido tamanho, podem resistir com as próprias forças á agressão de atacantes. À aproximação do inimigo não há tempo para defesa comum, sendo necessário ceder-lhe a maior parte das instalações, que são logo capturadas. Para previnir esse perigo, os habitantes, decidem habitar em conjunto em um local que ofereça maior comodidade e que sua defesa seja mais fácil.
O segundo caso é o da cidade fundada por estrangeiros, homens livres ou dependentes de outro Estado. Deve-se incluir nesta categoria as colônias fundadas pelas repúblicas, ou pelos príncipes, para receber a população excedente ou para manter suas novas conquistas de modo mais seguro e menos dispendioso.
Há ainda um outro tipo de cidade: a construída por um príncipe, não com o proposito de ali fixar residência, mas exclusivamente para a sua glória, como dá exemplo a cidade de Alexandria, estabelecida por Alexandre. Como essas cidades não tem origem natural, é raro que se desenvolvam plenamente, chegando a constituir capitais de Estados.
Uma cidade deve sua existência a homens livres quando um povo, movido pela doença, a fome ou a guerra, deixa a pátria