Fichamento cidadania no brasil

Cidadania no Brasil- O Longo Caminho José Murilo de Carvalho Com o fim da ditadura no Brasil, acreditava-se que todos os problemas sociais e econômicos terminariam. Entretanto, não foi o que aconteceu. Houve, evidentemente, uma melhora considerável, principalmente no tocante à liberdade individual (manifestação do pensamento, ação e participação política e sindical) e à liberdade política (voto). Mas os demais problemas (violência urbana, desemprego, analfabetismo, etc.) perduraram, trazendo não só a insatisfação com a situação social, mas, sobretudo, com os agentes do sistema democrático (partidos, os políticos, eleições), relegados a descrença popular. Ou seja: a cidadania conquistada com a democratização brasileira foi e ainda e uma cidadania atrofiada, cuja plenitude ainda está longe de ser alcançada. “A cidadania inclui várias dimensões e algumas podem estar presentes sem as outras” (p.9), ou melhor, pode haver o gozo de direitos civis sem o gozo de direito políticos, por exemplo (provavelmente, tal situação ocorre numa ditadura, que não cabe, portanto, à situação brasileira). Ao se dividir a cidadania em direitos civis, políticos e sociais, evidenciou-se a gama de necessidades que tem os indivíduos de uma sociedade e que, quase sempre, nunca são totalmente respeitados. No caso do Brasil, os direitos sociais precederam os outros, diferentemente do caso da Inglaterra, analisando por T.A Marshall (estes acompanharam a sequência histórico-cronológicas dos acontecimentos sociais, políticos e econômicos de sua época), em decorrência do processo de difusão dos direitos se darem principalmente por ação estatal. Se a identificação das pessoas com a nação a que pertencem é fundamental para a consolidação da cidadania, explica-se aí a demora da “chegada da cidadania” brasileira, e os meios usados para sua implantação. E mais: se a redução do poder do Estado através da internacionalização do sistema capitalista