Fichamento Biografia e Gênero
O texto inicia-se com epígrafe de Virgínia Woolf, que diz: “parece que as mulheres que escrevem estão menos interessadas em si próprias e mais pelas outras mulheres”. Tais dizeres correspondem com o começo factual da exploração do mundo das mulheres por meio de biografias, que buscam “por meio de um personagem, chegar a uma explicação da sociedade daquele tempo” .
As biografias acabam por realizar uma ponte entre o estudo macro e o micro da história social, entre o ser e o ser social: percebem o indivíduo e suas especificidades dentro do contexto. Este contexto deve sugerir uma “construção de hipóteses a partir do conhecimento que temos” do que se passa na época da/o indivídua/o biografada/o. Por último, deve levar-se em consideração a trajetória vital onde a/o indivídua/o possa ser sujeito e sujeitado do processo histórico.
Para contrapor a normatividade masculina de retratar biograficamente somente mulheres “belas e ricas”, busca-se, como afirma Rago ao referir-se à biografia de Luce Fabri, retratar a história biográfica “como uma forma de salvar [...] as imagens, as experiências do passado, ricas, significativas, ameaçadas pelo esquecimento [...] para que se produzam efeitos nos inúmeros campos da atividade humana” .
Rago também entende que as mulheres têm lugar de destaque como guardiãs da memória, pois guardam, conservam e transmitem histórias vividas. O feminismo, para trazer à luz as mulheres, teve que “acumular dados, instituir lugares de memória” e utilizar-se da “recente história oral” , sendo que muitas vezes o fez por meio da biografia.
Neste processo, o feminismo também “questionou a lógica da identidade e as oposições binárias que construíram a interpretação masculina