Fichamento Arrighi
No estudo sobre as três hegemonias do capitalismo histórico, Arrighi começa por definir o seu conceito central. Assim, “hegemonia mundial” é fixada como a capacidade de um Estado exercer seu poder sobre todo o sistema interestatal, sendo uma combinação entre coerção e consentimento, dominação e liderança intelectual/moral. Nessa concepção, a liderança exercida pode seguir um duplo sentido – se o Estado dominante lidera os outros em uma via de desenvolvimento, ou se ele atrai os outros à sua via, aumentando a competição por poder- mas só o primeiro tipo compreenderá uma situação de hegemonia. Mais adiante, são feitas outras diferenciações, como anarquia (“ausência de um governo central”) de caos sistêmico (falta de quaisquer organizações). O sistema medieval de poder, baseado em cadeias de suseranos e vassalos, jurisdições políticas superpostas e em corpos universais de costumes (entre outros), é diferenciado do sistema moderno de governo, marcado principalmente pela centralização do poder e demarcação de jurisdições distintas. Há ainda as lógicas de poder: a territorialista, na qual o capital é um meio para a expansão territorial (o aumento de poder será dado pela expansão do “continente”); e a capitalista, para qual os territórios são o meio de acumulação de mais capital (o aumento de poder será pelo acúmulo de riquezas dentro de um pequeno “continente”). As cidades-Estado italianas (Gênova, Veneza, Florença e Milão), ainda que não cheguem a constituir um ciclo hegemônico durante o século XV, são o ponto de partida para o estudo do Moderno Sistema-Mundo, com suas rotas comerciais pelo Mediterrâneo. Elas são marcantes pela gestão capitalista do Estado e da guerra, quando o sistema medieval de governo ainda é forte. Como em um “keynesianismo militar”, as cidades-Estado criam um ciclo no qual as guerras, por meio de exércitos pagos, acabavam por se autocustear, além de teoricamente dinamizarem a economia. Além