fichamento arqueologia do saber
Introdução
“A atenção dos historiadores se voltou (..) para longos períodos, como se, sob as peripécias políticas e seus episódios, eles se disputassem a revelar os equilíbrios estáveis e difíceis de serem rompidos, os processos irreversíveis, as regulações constantes, os fenômenos tendenciais que culminam e se invertem após continuidades seculares, os movimentos de acumulação e as saturações lentas, as grandes bases imóveis e mudas que o emaranhado das narrativas tradicionais recobriria com toda uma densa camada de acontecimentos.(...) As sucessões lineares, que até então tinham sido o objeto da pesquisa, foram substituídas por um jogo de interrupções em profundidade. Da mobilidade política às lentidões próprias da "civilização material", os níveis de análises se multiplicaram: cada um tem suas rupturas específicas, cada um permite um corte que só a ele pertence.” (Pag. 3)
As velhas questões de análise tradicional (Que ligação estabelecer entre sequência necessária? Que continuidade os atravessa ou que significação de conjunto acabamos por formar? Pode-se definir uma totalidade ou é preciso limitar-se a reconstituir encadeamentos?) são substituídas, de agora em diante, por interrogações de outro tipo: Que estratos é preciso isolar uns dos outros? Que tipos de séries instaurar? Que critérios de periodização adotar para cada uma delas? Que sistema de relações (hierarquia, dominância, escalonamento, determinação unívoca, causalidade circular) pode ser descrito entre uma e outra? Que séries de séries podem ser estabelecidas? E em que quadro, de cronologia ampla, podem ser determinadas sequências distintas de acontecimentos? (p.3-4)
Finalmente, as escansões mais radicais são, sem dúvida, os cortes efetuados por um trabalho de transformação teórica quando "funda uma ciência destacando-a da ideologia de seu passado e revelando este passado como ideológico." (Pag. 5)
“(...) a história do pensamento, dos conhecimentos, da filosofia, da