Ficha resumo da obra "argumento de autoridade x autoridade do argumento"
Obra: DEMO, Pedro. ARGUMENTO DE AUTORIDADE X AUTORIDADE DO ARGUMENTO: Interfaces da cidadania e da epistemologia. Rio de Janeiro, Editora Tempo Brasileiro, 2005.
A Idade Moderna trouxe consigo a explicação dos fenômenos com base nas teorias estritamente científicas e nas “lógicas experimentais”, em detrimento das explicações metafísicas comumente empregadas na Idade Média. A partir disso, a ciência se fez autoridade e adquiriu respeito por parte da sociedade, pois era detentora do conhecimento. Entretanto, a própria ciência esqueceu-se de que o conhecimento deve ser socializado e construído em conjunto. Logo, a sociedade assumiu um papel de submissão, tendo em vista que, não tinha capacidade de contestar as explicações científicas cujo teor possuía especificidades técnicas não entendíveis aos leigos. (p. 16-30)
Dessa forma, visando o poder, a ciência tornou-se um instrumento autoritário de manipulação e de alinhamento ideológico da população, ajeitando a realidade em esquemas teóricos e práticos por meio de uma “lógica linear” que só a própria ciência tem domínio. Os próprios instrumentos científicos apenas vislumbram a face da realidade que a ciência consegue compreender, e assim estabelecem supostos “paradigmas incontestáveis”. (p. 16-30)
No entanto, a ciência modernista desconsiderou o fato de que a realidade em si não é única e não pode ser vista somente sob a perspectiva “eurocêntrica” que estabelece paradigmas universais através de um “argumento de autoridade”, pois o conhecimento é “multicultural”, e também possui faces que estão ligadas a outras áreas que não seja à ciência. (p. 31-33 e 94-96)
Diante disso, o pós-modernismo, por sua vez, defendeu a flexibilização dos modos de construção do conhecimento. Para tanto, seria crucial a construção do conhecimento por meio da discutibilidade e argumentação, ideias estas que constituem a essência da “autoridade do argumento”. Tal termo representa com clareza a corrente de pensamento