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É sabido que durante os dez séculos da Idade Média e até mesmo os primeiros séculos da era Moderna, a Igreja exerceu enorme influência sobre os governantes europeus, tanto em questões ideológicas e políticas, quanto territoriais e econômicas. Existem certos autores que chegam ao ponto de avaliá-la como a verdadeira governante da Europa Medieval, haja vista o fato de quase nenhuma atitude governamental ser tomada sem o conselho ou consentimento de um membro do clero.
Contudo, não só a Igreja católica exerceu grandes influências no poder político, mas diversas religiões estiveram durante toda a história da humanidade diretamente ligada ao governo. E é com isso que iniciamos hoje uma "linha" de postagens sobre religião e poder, onde abordaremos algumas questões sobre a influência religiosa nos governos pré-modernos, especialmente no que tange a Igreja na Era Medieval. Com isso, trabalhar-se-á este breve texto sobre a posição da Igreja perante as formas de poder durante os últimos séculos da Antiguidade e início da Idade Média. Mostrando o início dessa relação entre religião e poder, que se encaixaram tão bem durante os séculos subsequentes.
Desde os primórdios da história da Igreja, os autores cristãos nunca se posicionaram contra o sistema político e ao poder dos imperadores romanos, nem mesmo àqueles que foram grandes perseguidores dos cristãos, como Nero e Diocleciano. Um dos maiores exemplos disso está no texto “Epístola aos Romanos”, escrito por Paulo. Para este autor os governantes, independente de suas atitudes, eram indivíduos escolhidos por Deus para o cargo de imperador, e por isso deviam usufruir do respeito e obediência dos cristãos sob seu controle.
Não só Paulo, mas diversos outros autores acreditavam que os governantes eram eleitos pela vontade de Deus. Contudo, em nenhum momento foi apontado qual era o papel do governo ou do governante político dentro da comunidade cristã. Na verdade, o que ocorreu foi a