Fernando pessoa
A própia arte acaba sendo vitimada por esta chaga lingüística, pensar em uma conceituação lógica e analítica para a arte é poda-lá em sua inerência de relação com o sentir, é reduzir a corporeidade que a arte atinge a uma linguagem ineficiente que a esvazia de seu sentido própio e único, localizado muito mais no relacionar-se do que na interpretação e representação.
A linguagem acaba herdando este processo metodológico, que influi diretamente na poesia. Compreender o signo desligado de um conceito rígido é o primeiro pré-suposto para chegarmos a uma relação perceptiva com o instante do mundo poético traçado pelo autor.
O signo dotado deste ponto de equilíbrio exprime um movimento ao mesmo tempo próprio e que se soma ao movimento comum do homem enquanto ser desejante. Ele agora passa a operar o corpo do leitor, passa a relacionar-se corporeamente, despojando-se de uma carga complexa de significados lingüísticos e manifestando-se numa “linguagem universal”, que utiliza o signo como ferramenta do processo e não como fim único em si.
Nossa linguagem cientifica julga ilógico tornar o mero instrumento comunicativo que é o signo num ser bruto, numa parte atuante do que é experimentável corporeamente no homem, a linguagem feita ser, deixa de alinhar-se na ótica filológica de um processo dotado de objetividade/subjetividade e adentra o território da ontologia. Pensar em uma totalidade do ser em sua realidade suprema, só nos é plausível levando-se em conta que a verificação empírica do real pressupõe